Especialistas explicam a causa da queda capilar feminina

Dr. Arthur Tykocinski:” Calvície pode atingir qualquer indivíduo. Pessoas de origem caucasiana e árabe são mais afetadas. Orientais são geralmente menos atingidos”

A alopecia androgenética, mais conhecida como calvície, também afeta algumas mulheres e pode ser sinônimo de grande ansiedade e sofrimento emocional, porque ela ataca um dos principais ícones da feminilidade, os cabelos, símbolo de sensualidade e que possibilita inúmeras transformações de visual. Exageros à parte, principalmente, em relação à perda normal de cabelos (que integra o processo natural de renovação dos fios), a intensificação da queda de cabelos feminina pode ter diversas causas e intensidades.

“Acontece que os quadros iniciais de queda capilar dificilmente são clinicamente evidentes e, por isso, frequentemente pacientes com queixas capilares são pouco valorizadas por seus médicos, que veem nelas certo exagero e dessa forma nem sempre investigam o problema devidamente. Até que uma queixa capilar produza um quadro clínico evidente, muito tempo pode ter passado”, relata o dermatologista Dr. Arthur Tykocinski.

Nesta entrevista o dermatologista fala sobre causas, tratamentos, resultados e cuidados em relação à queda de cabelo.

1 – Quais as principais causas da queda de cabelo em mulheres?

Resposta: O cabelo pode perder seu aspecto saudável por diversos motivos. Para simplificarmos, vamos nos limitar a dois grupos: causas internas, tais como alterações nutricionais, manifestações genéticas, irregularidades hormonais e inflamações no couro cabeludo ou causas externas, que têm como agentes influenciadores a poluição, exposição excessiva ao sol ou mesmo a fumaça dos cigarros, que são de caráter cumulativo.

O cabelo que vemos e tocamos é basicamente um fio constituído pela proteína queratina, formado por camadas lamelares (escamas) superpostas e com cortex (canal) central. A parte viva encontra-se dentro do couro cabeludo. A parte externa, a haste capilar, é o que chamamos normalmente de cabelo. Ele pode sofrer agressões no dia-a-dia, como o sol, a água do mar, a química das piscinas, vento, poluição, ar-condicionado e variações de umidade no ar.

Mas as maiores agressões são causadas por nós mesmos, ao pentearmos os cabelos, passar as mãos com resíduos nos fios, sejam cremes ou mesmo suor, além de tratamentos químicos, como colorações, relaxamentos, escovas dos mais variados tipos, dentre outros tratamentos. Não chega a ser surpresa que o cabelo sofra com isso tudo, e quanto mais comprido, com crescimento mais lento e mais fino, maior será o dano.

2- Quais os sinais da calvície?

Resposta: Para saber quais os principais indícios da perda capilar, temos que observar o grau de intensidade.

Grau I – O primeiro sinal é um afinamento do cabelo, em geral na parte anterior e superior da cabeça. No começo parece que a risca do penteado vai ficando mais alargada, até que se percebe a redução do volume e um crescimento lento do cabelo;

Grau II – Depois, uma rarefação acentuada, cria-se uma espécie de transparência, permitindo que se veja o couro cabeludo através do cabelo;

Grau III – Os fios ficam finíssimos, frágeis, quebradiços e mais claros. Nesse estágio, a calvície já está instalada. A linha de cabelo rente à testa é geralmente poupada, assim como o cabelo da região posterior, acima da nuca, por serem menos suscetíveis à ação hormonal. Na linha anterior, a enzima aromatase ajuda a proteger o cabelo da ação hormonal.

3 – Quais os motivos que influenciam no surgimento da alopecia androgenética em mulheres jovens?

Resposta: Temos fatores diretos como influencia hormonal e a genética e outros fatores que podem ajudar a agravar, como inflamações no couro cabeludo e dietas com baixa proteína.

4 – Pessoas de determinadas raças estão mais propensas a isso?

Resposta: A calvície pode atingir qualquer indivíduo, independente de sua etnia. Mas, as pessoas de origem caucasiana e árabe são mais afetadas, enquanto as orientais são geralmente menos atingidas. Não sabemos o motivo. Isso é apenas observado. É o que chamamos de dado epidemiológico. Porém, pode estar relacionado à sensibilidade ao hormônio masculino: povos mediterrâneos têm mais pelos e orientais menos pelos.

5 – Existe um consenso que as pessoas perdem cerca de 100 fios de cabelos por dia. Isso é mito ou é verdade?

Resposta: Esse numero é normal, desde que haja reposição dos fios. Temos fase que caem mais e outras que caem menos. Na calvície, além da queda ocorre um afinamento dos fios e atrofia e fibrose dos folículos.

6 – Certas práticas, como pentear ou escovar os fios muito molhados, aceleram a perda dos cabelos?

Resposta: O fio molhado pode ser mais fácil de desembaraçar, mas por outro lado já está com a elasticidade máxima, oferecendo maior facilidade de rompimento e extração da haste. Existem produtos que contém silicone que facilitam o penteado, diminuem o atrito da escova, além de proporcionar efeito antifrizz (arrepiado).

7 – Quais os tratamentos indicados na perda capilar feminina?

Resposta: Evitar a oleosidade e a dermatite seborreica ajuda. Existem variados tratamentos, como shampoos, loções, medicamentos de uso oral, *intradermoterapia ou mesoterapia capilar e tratamentos com feixes de luz vermelha e infra-vermelha – LED.

8 – O que a mulher deve fazer quando um tratamento químico, como a escova progressiva, provoca quebra da haste capilar e queda dos cabelos – chumaços de fios saem nas mãos?

Resposta: Uma vez danificado severamente, o cabelo pode partir ou ficar irreversivelmente poroso e sem brilho. Qualquer outra química agressiva, incluindo colorações pode agravar ainda mais o problema.

9- Quando o transplante folicular é indicado para a mulher?

Sempre que a transparência do cabelo for muito evidente e ela possuir uma boa densidade do cabelo localizado próximo à nuca.

11 – A alimentação pode ajudar a retardar a queda dos fios?

Resposta: O valor da alimentação adequada não pode ser subestimado. O controle de peso deve ser focado no exercício físico, e não somente pela restrição alimentar, fato comum entre muitas mulheres. A dieta adequada deve ser rica em proteínas e pobre em carboidratos. São indicadas carmes magras, principalmente peixes, que possuem ação antioxidante.

Para manter os cabelos saudáveis, pode-se fazer ainda suplementação com biotina (vitamina B). Os oligoelementos, como zinco, cobre e selênio, ajudam na constituição adequada dos fios, daí a importância da ingestão de nozes, amêndoas ou castanha-do-pará, ricas nesses componentes, mas sem exageros, além de duas frutas secas por dia também completam a dieta equilibrada.

* Intradermoterapia ou mesoterapia: os dois termos querem dizer a mesma coisa: injetar um fármaco na derme, superficialmente, agindo assim localmente, diferente de uma injeção no subcutâneo (gordura ou músculo). A mesoterapia tem efeito local e prolongado, pela lenta absorção da derme. Deve ser realizada com uma agulha bem fina, em diversos pontos na região e injetando pouco volume por ponto. Essa técnica ainda é controversa e nem todos a utilizam.

Fonte: UOL – Vya Estelar

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