Se antigamente casar e formar uma família era o plano da maioria das jovens que estavam chegando à vida adulta, atualmente esse projeto tem perdido cada vez mais espaço para outros desejos, como conquistar a independência financeira e ter uma carreira bem sucedida. Assim, quando finalmente chega a hora de tentar engravidar, muitas mulheres enfrentam problemas de infertilidade ligados à idade – são os óvulos que envelhecem, as doenças ginecológicas que ficam mais comuns… mas não são apenas os anos que dificultam a gestação. Fumar, beber muito álcool e se manter acima do peso também diminuem a fertilidade da mulher – e isso acontece em qualquer época da vida.
Para ajudá-la a entender melhor essa questão, elencamos 10 fatores que podem atrasar os seus planos de ser mãe e explicamos o que eles fazem com o seu organismo.
1. Estresse
Manter-se longe do estresse é um dos hábitos mais saudáveis que se pode ter, especialmente para quem está tentando engravidar. Mas não é uma tarefa fácil! São os pepinos do trabalho, as contas para pagar, a reunião de condomínio, o trânsito parado… O problema é que, para quem está com dificuldades para se tornar mãe, esse pode, sim, ser um dos fatores que devem ser levados em conta.
Uma pesquisa feita pela Ohio State University College of Medicine, publicada em 2014 pela revista Human Reproduction, apontou que mulheres com altos níveis da enzima alfa-amilase (que é secretada na boca e indica a presença de estresse no organismo) têm 29% menos chance de engravidar em comparação às mulheres que apresentam baixo nível dessa enzima. Ou seja, mesmo com o mundo caindo ao seu redor, procure uma forma de se acalmar. Ouvir música no carro, respirar fundo, fazer um alongamento na hora do almoço… Não importa como, a ideia é escolher as técnicas de relaxamento que funcionam para você!
2. Idade
Embora esperar o momento “certo” para engravidar seja o plano de muitas mulheres, o tão temido relógio biológico não está preparado para acompanhar tantos projetos a longo prazo. Quando nascemos, temos uma espécie de estoque de óvulos que nunca aumenta; muito pelo contrário: esses óvulos só vão diminuindo em quantidade e em qualidade, em razão do envelhecimento – o que aumenta o risco de doenças cromossômicas, como a Síndrome de Down, de abortamentos e de infertilidade.
“Estima-se que, no nascimento, uma menina tenha entre 1 e 2 milhões de óvulos e, na primeira menstruação, cerca de 400 mil. A partir de então, a mulher gasta cerca de 1000 óvulos por mês para que apenas um seja liberado, ou seja, essa reserva diminui a cada mês”, explica Tomyo Arazawa, ginecologista e obstetra graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e especialista em Endoscopia Ginecológica pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
3. Doenças no aparelho reprodutor
“Toda alteração em qualquer parte do aparelho reprodutor feminino interfere de alguma forma na fertilidade da mulher, sendo que as mais comuns são no útero, nas tubas uterinas e nos ovários”, ressalta o especialista. No útero, são mais frequentes os miomas e os pólipos, que aumentam as contrações e dificultam a implantação dos embriões no endométrio. “Os miomas são nódulos que aparecem por volta dos 30 anos de idade e crescem com o tempo. Aproximadamente, metade de todas as mulheres no mundo terão pelo menos um mioma até a menopausa”, destaca.
Já os ovários sofrem com a presença de cistos, que atrapalham a ovulação, também reduzindo as chances de gravidez. Vale lembrar ainda a endometriose, doença ginecológica mais associada a infertilidade – aproximadamente 40% das mulheres com dificuldade para engravidar têm esse problema que, além de causar dor, pode danificar as tubas uterinas e ovários, prejudicando o transporte de óvulos e reduzindo a reserva ovariana. A endometriose também pode provocar uma inflamação crônica na pelve que dificulta a implantação do embrião no útero.
4. Cigarro
Conhecido vilão da saúde, o cigarro também é muito prejudicial para quem planeja ter filhos. De acordo com dados da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, 13% dos casos de infertilidade estão ligados ao fumo. Isso acontece porque o tabaco deteriora os óvulos, aumentando os riscos de aborto, de menopausa precoce e de gravidez ectópica. Além disso, se você deseja ter um bebê, é importante lembrar que o cigarro também será prejudicional para o seu pequeno, já que todas as substâncias nocivas serão passadas a ele pela placenta. Então, que tal cortar o mal pela raiz?
5. Obesidade
Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos principais problemas dos países desenvolvidos, a obesidade também se apresenta em números significativos no Brasil – de acordo com o Ministério da Saúde, atualmente 51% da população tem excesso de peso. Diante deste cenário, é importante lembrar que esse também é um mal que afeta a fertilidade da mulher. Além de influenciar a longevidade e a qualidade dos óvulos, a produção de células gordurosas pode levar à irregularidade do ciclo menstrual e à ovulação não efetiva.
Segundo um estudo publicado na Obstetrics and Gynecology Clinics of North America, o tecido adiposo trabalha na produção de adipocinas, que são substâncias que influenciam na comunicação entre as células do corpo. O que acontece é que, se esse processo não se der de forma adequada, as regiões do cérebro responsáveis pelo controle do ciclo ovulatório podem ser afetadas.
6. Problemas hormonais
Ah, os hormônios… Sempre eles! Responsáveis por controlar a menstruação da mulher, eles podem atrapalhar (e muito!) suas tentativas de engravidar se estiverem descontrolados. Por isso, é essencial fazer uma dosagem hormonal de tempos em tempos. “E o problema não precisa estar necessariamente relacionado aos hormônios sexuais femininos. Uma das alterações mais frequentes é a da tireoide (hipotireoidismo e o hipertireoidismo), que pode prejudicar o ciclo menstrual”, destaca Arazawa.
Ele aponta ainda o aumento da prolactina como outro problema hormonal que pode afetar a ovulação. “Sintomas como saída de secreção leitosa das mamas fora do período de amamentação associados a dores de cabeça e alteração da visão e do olfato podem ser sugestivos desse tipo de alteração”, explica.
7. Ansiedade
Você fica ansiosa esperando a mensagem ser visualizada, o telefone tocar, o dia da viagem chegar… Por que não ficaria na expectativa por algo que deverá mudar a sua vida para sempre, não é mesmo? É claro que para os casais que começaram a tentar agora, essa sensação é normal e faz parte do processo. Mas para aqueles que já estão tentando se tornar pais há anos, a ansiedade pode se tornar um fator a mais quando o assunto é infertilidade. De qualquer forma, o importante é não dar ouvidos aos palpites que surgem aos montes e tentar não se importar tanto com as cobranças que vêm dos amigos e familiares.
8. Medicamentos
Ajuda aqui, atrapalha ali. Que ótimo seria se os remédios resolvessem um problema sem causar outro. Mas como nem sempre isso é possível, é bom ficar atenta e relatar ao seu médico todos os medicamentos que você toma antes de começar a tentar uma gravidez. “Certamente, o uso de alguns remédios pode diminuir as chances de engravidar. Contudo, é preciso avaliar com cautela qual o risco real e o benefício deles antes de pensar em suspender o uso. Por exemplo, alguns medicamentos para epilepsia, depressão e ansiedade podem alterar o ciclo menstrual, mas parar de tomá-los pode expor a mulher a outros riscos”, esclarece o especialista.
9. Álcool e cafeína em excesso
Sabe aquela história de que tudo que é demais faz mal? A frase pode ser velha, mas faz todo o sentido quando o assunto é consumo de álcool e cafeína, principalmente quando se está tentando engravidar. As bebidas alcoólicas em excesso podem prejudicar a fertilidade da mulher, embora ainda não esteja claro quais são os fatores que levam a isso. De acordo com um estudo de 2013 da Reproductive Medicine Associates of New York, a fertilização in vitro também tem menos chances de sucesso quando há consumo de álcool associado – mesmo que em quantidade moderada. Segundo os resultados, as mulheres que bebiam apenas três taças de vinho por semana tinham a capacidade de conseguir uma gravidez bem sucedida em até três anos reduzida para 30%, em comparação a 90% entre as que não consumiam bebidas alcoólicas.
A cafeína, tão presente no dia a dia das pessoas, também pode afetar a ovulação, tornando mais difícil a concepção. “Os estudos sugerem que o efeito sobre a fertilidade depende da dose que a mulher ingere de cafeína, por isso recomenda-se a ingestão de, no máximo, duas xícaras de café por dia (o que corresponde a uma quantidade entre 100 e 200 mg)”, revela o especialista. Mas é bom lembrar que tanto o consumo de álcool quanto o de cafeína durante a gestação são prejudiciais ao bebê, portanto, ir se acostumando a ficar mais longe de bebidas com essas substâncias pode ser um bom começo para não sofrer tanto com a vontade depois.
10. Estilo de vida
Alimentar-se mal, estar muito acima do peso, viver estressada… Tudo isso está ligado a um estilo de vida desequilibrado, que acaba interferindo na sua saúde e impedindo seu corpo de estar preparado para receber um bebê. “Ter uma alimentação saudável, praticar atividades esportivas moderadas regularmente, procurar ter uma boa qualidade de sono e ficar atenta à balança não só garante uma chance maior de gravidez, como também pode levar a uma gestação mais tranquila, com menor risco de complicações como diabetes gestacional e hipertensão arterial”, finaliza o médico.
Fonte: Bebe – Abril